Quero uma festa punk!

voltei :)
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Todo mundo tem uma fase rebelde na vida, em que fica mais agressivo, descolado, com cabelo pintado e roupas "escandalosas" e tal. (vamos fingir que é todo mundo)

A estória data dessa minha fase, no ponto de ônibus.
Cabelo rosa choque, camiseta do Exploited, calça jeans hiper velha, óculos escuros, coturno de exército, vários alfinetes como brincos na orelha e walk-man.
Na época não existia mp3 player, era walk man e o meu ainda era aquele tirar a fita do aparelho pra mudar o lado. (Lembra do truque de rebobinar a fita com caneta BIC pra não gastar a pilha?).

Toda mau como descrito previamente, pose de assassina, etc que vocês já sabem (e temem).
A fita TDK tocava Replicantes, mas vou mentir se dissesse que lembro que música tocava, já que isso aconteceu há mais de 15 anos. Vou escolher "Festa Punk" como trilha.
(http://www.youtube.com/watch?v=H96_WMS4ayw – novidade do blog! =P).
À minha frente, uma menina de uns 8 anos com óculos rosa com florzinhas nas laterais (nunca mais esqueci esses óculos!) simplesmente OUSA ficar me encarando.
Há. Mas é claaaaaaro que eu não ia deixar barato! Como assim todo mundo tem medo de mim e ela não???
Tirei o fone de ouvido e falei:
- Tá com algum problema? - com voz de Exterminador do Futuro
A avó dela deu um puxão de quase arrancar o braço na menina e disse:
- Olha pra cá, fulana! – e sim, essa senhora tinha medo nos olhos. Ela sim conhecia minha verdadeira periculosidade.

Tudo resolvido, trabalho cumprido. Mais uma pessoa amedrontada nessa cidade.
*Sobe a música de encerramento de cena.... e.... corta!

Chegou o ônibus, eu subi.
Era saída de escola e o ônibus tava cheio.
Vale comentar que aqui em Spooky City temos catracas eletrônicas nos ônibus, então tem que por o passe, esperar acender a luz e passar.
Ou ouvir o "piiii" de que deu errado e a catraca travou. Pegue o passe e coloque de novo.

Eu entrei, enfiei o passe e...
*Câmera lenta
Meu corpo seguiu em direção à haste metálica que se estendida perpendicularmente ao meu estômago, enquanto minhas sobrancelhas direcionavam-se para baixo, criando um ar maléfico à pessoa que vos fala/ escreve (porque eu escrevo falando em voz alta).
O walk-man gritava e meus tímpanos reluziam, polidos pelas sábias palavras cantadas por meus heróis musicais.
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Eu estava de walk-man.
Alto como sempre.
Não ouvi o “piiii”...
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Cabelos rosa voando violentamente para frente, fone de ouvido direito pulando para fora da orelha. Estômago grudando nas costas, sobrancelha subindo para causar ar de susto. Pessoas ao redor rindo.
*Acaba câmera lenta. Solta som ambiente.

Minha cara de tacho foi ótima.
Dava pra ler os balõezinhos na cabeça das pessoas:
“aê besta! foi fazer papel de mau!" (trocadilho pra quem conhece Replicantes)

E quando desci do ônibus em direção à minha casa, (ainda por cima) reparei que o “frescor” que sentia em minhas regiões argentinas provinha, na verdade, de um tremendo rasgo expondo às minhas vergonhas meridionais para quem quisesse ver!
De fato, a calça estava velha demais!

Pronto, agora sim pode rir à vontade! =D
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Eu lembrei dessa estória por causa da menina que eu vi no McDonalds esses dias (punk no McDonalds? hein? risos)
Ela tava de camiseta do Ramones, cabelo rosa (totalmente fake, tá? Porque o meu era tingido com anilina de tingir tecido e o bom e velho Blondor! E o dela é de tinta comprada na Galeria!)
E ela me olhou de cima em baixo com o maior desprezo. Só faltou falar:
- sai daqui, sua velha! Eu sou jovem, bonita, rockeira e tenho maldade pra dar e vender. Moooorraaaa de inveja!!!

E eu, na minha humildade de Big Mc, apenas pensei: "eu fui no ultimo show do Ramones, tá? você não devia ser nem nascida, quando o último deles morreu! humpf."

E então, me reconheci em carne e osso naquele mafagafo empafioso rosa.
E pensei quantas pessoas não pensaram isso de mim naquela época.
E que talvez aquela menina de óculos rosa vá no show do Adicts que eu não vou.

*sobe música triste. coloca filtro sépia.
aceito doações para comprar meu ingresso para o show! :)
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Bah, deixa pra lá.
Quem sabe daqui uns anos eu não leio o blog dessa menina.

"Uma vez eu tava no McDonalds, com toda minha maldade empírica em alta, quando encontrei uma tonta com camiseta de RPG, maior loser!
Ela ficou me olhando um tempão. Devia estar achando um horror eu de cabelo rosa e camiseta do Ramones. Vai ver que ela gosta de Victor e Léo e acha que rockeiro é satanista."

(Vou fazer Victor e Léo virar sinônimo de coisa ruim! *evil laugh*)
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Em tempo: metaleiro é quem faz espada e panela.
Quem curte heavy metal é headbanger! =P

Transfusão de música

E então voltamos à fatídica van de todo dia...
São pérolas diárias, que não me atreveria nunca a escrever aqui, por medo de fazer alguém sofrer desnecessariamente.

Mas hoje minha gata acordou mais cedo. E resolveu brincar! Tão fofinha, jogando tudo no chão, comendo os fios eletrônicos do quarto, fazendo o maior barulho, exatamente meia-hora antes de eu acordar.
Sabe aquela meia-hora preciosa? Aquela que você acorda, vê o relógio e pensa "nossa, ainda tem meia-hora!!!"? pois é, eu fiquei sem essa meia-hora...

Então você já imagina o bom humor que levantei.
Frio, chuvoso, sem minha meia-hora preferida.

Estou na van e o "filho da mãe arrombada" falou algo como "Vocês já ouviram Fulano e Ciclano?"
Meu corpo estremeceu... qual a possibilidade de ser uma dupla punk que eu não conheça? por favor? ... Deus? alguém aí???

Não... era sertanejo mesmo.
E ele trouxe o dvd!!! ó, que alegria!!!
E eles ligaram o dvd! ó, que alegria!!!
E super alto!!! ó, que alegria!!! alegria!!!

Nessa hora eu juro que senti meu crânio rachar.
Peguei meu mp3 como se fosse a estaca que cravaria no coração desse vampiro das minhas manhãs (nossa, ficou bonita essa, hein?) pra ver se escapava disso, da merda de "fada não sei das quantas, foi embora e não me levou" e aquele monte de baboseira programada pra fazer menininhas se apaixonarem pelo cantor, "porque ele fala bonito", "porque ele é bonito".
(como podem achar aquela cabeça gigante do Daniel bonita??? mas isso é outra estória. Outro dia falamos da cabeça dele.)


Achei os malditos da fada...

Liguei meu mp3. E tocou Al Green: ain't no sunshine when she's gone... 'Low bat. Bye bye!!!'
...
Deus? ... alguém aí???
...
Acho que não preciso de um mp3, mas uma estaca, mesmo.
E urgentemente de uma transfusão... de música!!!

humpf.

Vanessa da Mata...?

Hoje não estou afim de escrever sobre coisas absurdas que me acontecem (e aconteceu uma ontem que até agora tô sem entender... mas depois eu conto! rs)

Acabei de ler num blog (garotadocasacoverde) uma boa descrição sobre Outubro:
"Ah, outubro! Mês dos desejos, dos sonhos, das suposições, das expectativas"
E tá assim mesmo... estou presa em "Boa Sorte" da Vanessa da Mata com o Ben Harper, sabe?
só que só na parte em inglês (mesmo porque eu adoro Ben Harper)

Estou pensando em deixar um recado na porta: "wake me up when november ends" só pra ver se consigo um pouco de silêncio.

Simple Plan

É pra matar um desgraçado desses...

A van chegou às 7h da manhã, em ponto.
Parou na frente de casa e buzinou.
Um verde daquele à essa hora mata qualquer um... mas eu entrei mesmo assim.
Tava lá: o motorista e o sem noção.
(que até então eu não sabia que era sem noção, mas tudo bem...)

Entrei, tentando ser simpática (coisa que não consigo nem de tarde, quem dirá às 7h da manhã, e com estranhos, ainda...)
Mas acho que enganei bem.

Aí deu-se início ao papo:
- Então... a namorada do meu pai tá prenha. (claro que foi o sem noção que falou isso. não precisava explicar, né?)
- Então vc vai ter um irmão - respondeu educadamente o motorista, acho que tentando evitar o diálogo que ele já previa
- Que irmão que nada! Daquela vaca macumbeira não quero saber de nada!!!
- E se sua mãe tivesse outro filho? não seria seu irmão?
- Minha mãe não pode ter filho, ela é arrombada.

E fez-se silêncio, graças a deus.
(que devia estar rindo muito da minha cara nessa hora)

Tocou "Beds are burning" do Midnight e ele aumentou.
Muito.

E às 7h da manhã, nem Midinight é bom alto... (ja passava das 7h, mas ainda eram 7h!!!)


e daí, eu que achava que estava sozinha com os dois bossais na van, ouço uma voz vinda do fundo, de um terceiro ser que dormia em meio a essa confusão:
- põe o dvd da 89 aí

tremi.
"embrace yourself, my deeaaaaar... it's a holiday in cambodja" - pensei.
o que será que tem nesse dvd???

Sim. Era o pior.
Era... SIMPLE PLAN!!!!
Seguido por outras bandas horrorosas cujos vocalistas tem todos a mesma voz, sabe?
todo mundo canta igual aquele cara que cantava "sister, I see you..."
Deve ser nova implementação cirúrgica dos Estados Unidos... no mínimo.


Nessa hora, rezei pra Santo Expedito, santo das causas impossíveis, pedindo uma van cujo motorista e outros passageiros fossem mudos e surdos, pra só eu ouvir meu mp3 player e ninguém me encher o saco.

Parei de rezar na hora em que chegamos ao primeiro destino - a faculdade do bossal: DIREITO.
Sim, o filho da "mãe arregaçada" faz direito (vou me poupar do trocadilho)


Enfim... seguro minha revolta e apenas pergunto:
Será esse o futuro do Brasil?
Imbecis que fazem Direito e ouvem Simple Plan???

Vou pro Cambodja, passar o feriado lá!
(agora sim teve trocadilho! pegou? hein? hein? hein?)

Down in a hole

Entrei no banco e peguei a senha.
Sentei em meio àquele monte de gente, que tenta se separar por uma cadeira ou duas (mas no final fica todo mundo junto, olhando por cima do ombro do outro, tentando ver se sua senha é maior que a minha ou não, quem de nós vai ser atendido primeiro...)

Enfiei o fone de ouvido no ouvido. Enfiei, mesmo.
Queria ouvir a música mais alto do que podia realmente ouvir.
o mp3 player vai mostrando devagarinho: Alice in Chains - Down in a hole.mp3

Essa música me dá vontade de fazer coisas erradas.
Dá vontade de me drogar, de assaltar o banco, de matar várias pessoas, de cometer atentados terroristas, de pular de para-quedas, de bater na minha mãe...
Me largo imaginando alucinada como nunca fiquei na vida, fazendo todas as coisas que já citei acima.

Volto a mim. A mulher me chamou.
Entrego os cheques, tento explicar que não fui eu a responsável por acabar com meu cpf daquele modo, como se ela muito se importasse.
Deve ouvir gente como eu o dia todo.
Alguns põe a culpa no país, no governo, na situação... outros nos juros do banco, no absurdo de taxas que temos que pagar.
Mas eu... bem, a culpa foi minha mesmo, no final das contas. Ninguém mandou eu emprestar cheque.

Saio dali frustrada.
Enfio o fone de ouvido novamente nas orelhas.
Compro uma fanta gelada pra ficar bamboocha e ligo Down in a hole novamente.
Dessa vez no último volume! Sim! Eu ouço no último! há!
e subo a rua com cara de mal, tomando minha fanta gelada, em pleno dia frio!
Ah, como eu sou ousada!
Porque eu ouço rock pesado! eu ouço música que me faz querer me drogar.
E olho torto pros outros. Porque eu sou mal.
E todo me olham na rua, medindo de cima embaixo, com certeza porque tem medo de mim.
Acho que até eles podem ouvir o que eu estou ouvindo, já que estou ouvindo no volume 32 do mp3 player (o último volume, já falei isso?)
E as pessoas não param de me olhar.
ah! que raiva dessa cidadezinha de merda, com essas pessoas que olham torto pra uma pessoa que ouve Alice in Chains no último volume.
Mais duas esquinas e eu paro de voltar a música, que já toca pela 3ª vez...

Uma senhora me para, me segura pelo braço. (como ousa???)
Tiro o fone de ouvido, enquanto apalpo sua blusa felpuda branca.
Ela: Sua braguilha está aberta!
Eu: Ah! Por isso tava todo mundo me olhando na rua...
Ela: Coitada... hahahaha

Saio rindo um sorriso amarelo e abaixo o volume do mp3.
a blusa felpuda não me achou mal... me achou coitada....

Não mereço mais ouvir no último volume.
E quer saber? Desliga essa porcaria.